Autor: José Alfredo Schierholt


Autor: José Alfredo Schierholt
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Montagem: Orestes Josué Mallmann

quinta-feira, 10 de novembro de 2011


Sobrado de Fialho de Vargas

Fundador da Colônia dos Conventos, Antônio Fialho de Vargas nasceu em Gravataí, em 15-9-1818. Com uns 35 anos de idade, iniciou seu projeto de colonizar a antiga Fazenda dos Conventos. A data oficial de fundação é 20-3-1855. Sobre o Paredão, no atual Bairro Carneiros, construiu o seu primeiro sobrado, amplo e espaçoso. A construção do engenho, em 1862 e, depois, do porto definitivo de Lajeado, serviram para que Fialho de Vargas traçasse o primeiro núcleo urbano ou Plano Diretor de Lajeado. Destinou urna área para a praça, casa dos padres e escola paroquial. Além das primeiras três ruas longitudinais e ruas transversais, mandou transferir seu sobrado de Conventos Velhos para o outro lado da praça, cuja foto está aqui anexa. O prédio tinha dois pavimentos, com duas frentes. O frontispício estava pelo lado da atual Rua Júlio de Castilhos, onde o térreo tinha três portas e cinco janelas, e o pavimento superior contava com oito janelas. A frente pela atual Rua Borges de Medeiros era mais curta, tendo no térreo uma porta, talvez duas, sem que se veja a segunda, e no segundo pavimento, cinco janelas. O que não se vê na foto é toda a área dos fundos, com as mesmas dimensões, supondo-se a mesma ventilação. A construção deste sobrado pode ter ocorrido lá por 1870. A partir de então, certamente, em suas dependências aconteciam os principais fatos políticos e comunitários. Em 1885, Fialho de Vargas vendeu o sobrado a João Zick, cervejeiro, com 27 anos de idade, por 2:800$000. O prédio teve muitas serventias e passaram por vários donos. Depois do baile de gala e festa do centenário da Proclamação da Independência, ou demolir em 7-9-1922, Matias Rockenbach Filho, mandou demolir o sobrado. Seu material de construção serviu para o prédio antigo do Clube Tiro e Caça.
 
Menos que salário de faxineira

O A HORA divulgou o pronunciamento do presidente da Câmara de Vereadores de Marques de Souza, vereador Flávio César Bruch, no dia 14 de setembro, elogiando o resgate histórico e cultural que este jornal faz através da página Abrindo o Baú. Agradecemos o registro. Confessamos que não é difícil buscar dados históricos tendo as fontes a sua disposição. Mais difícil é montar o quebra-cabeça e enquadrar um fato isolado no seu contexto histórico. Para isso é preciso muito tempo, muito tato, muita memória e, sobretudo, muita paciência. Você mesmo, muitas vezes, é desafiado em buscar o fio da meada. Ou fica diante dum mistério, sem solução. A história oral poucas vezes é possível nos ajudar quando se trata de desvendar mistérios em documentos que ultrapassam seis, sete ou mais décadas. Ou as testemunhas mais antigas já sumiram ou caducaram... Lembro um dos primeiros mistérios que surgiu em registros da antiga Yarzinha, depois Guaporé: determinado imigrante italiano tinha uma fábrica de "espírito". Pagava imposto para isso. Demorou um bocado para concluir que se tratava da gostosa graspa, a aguardente procedente da destilação das borras do vinho. Há tempo, os profissionais de pesquisa não são recompensados. Não se faz idéia do tempo que se emprega para conseguir os dados. Uma faxineira cobra R$ 25,00 por meio turno. Quanto dá por mês? Se o pesquisador faz ao Prefeito ou secretário da Educação uma proposta ou projeto de escrever um livro de história do município, de 350 a 400. paginas, pelo salário de faxineira, digamos num espaço de 10 meses, não vai aceitar. Nem retoma para alguma outra alternativa... Tão somente o público deve saber: a missão do pesquisador não é valorizada.

Pequenas Biografias

Frederico Heineck
Quarto chefe do Poder Executivo de Lajeado, como presidente eleito do primeiro Conselho Municipal, de 15-11-1891 a 29-2-1892. Nasceu em 11-8-1845, filho de Cristiano Heineck e Maria Catarina Windhãuser. Estava casado com Maria Steigleder. Iniciou a vida política em Montenegro, integrando a primeira Câmara de Vereadores, empossada em 4-8-1873. Migrou para a margem esquerda de Forqueta, pois em 1878 registrou suas terras. Em 1887; registrou a compra de um terreno, adquirido de Miguel Scherer, no então Beco do Muca, atual Rua Major Amélio, em Lajeado, onde foi coletor de rendas estaduais e capitão de barco, ligado ao transporte fluvial no Rio Taquari. Foi um dos líderes emancipacionistas. Candidatou-se a uma das vagas do Conselho Municipal, com 438 votos, o quarto mais votado, integrando o primeiro Conselho Municipal e primeira Legislatura, com mandato de 16-11-1891 a 15-10-1896. Foi escolhido para ser o primeiro presidente, entrando em exercício também como chefe do Poder Executivo, de 15-11-1891 a 29-2- 1892 e de 26-7-1892 a 19-8-1892, seguindo-se o período da Revolução Federalista. Mesmo assim, empenhou-se pela abertura de estradas na região alta, onde estavam surgindo as linhas coloniais, hoje sedes municipais da região alta do Vale. Consta que mais tarde, por desentendimentos entre lideranças políticas, retomou para Forqueta. Faleceu em 6-3-1925, sepultado em Travesseiro. Foi homenageado com nome do Orquidiário, Cactário e Bromeliário do Jardim Botânico de Lajeado, nome que nunca é mencionado pela imprensa.

Resgatando Primitivos Nomes

Batovira de Cima - Antiga denominação do Arroio Bate-e- Vira, modificada pela Portaria nº 242, de 23-11-1939, no primitivo território de Lajeado. Batuque Jazz-Band - Conjunto musical para concertos, festas, bailes, Kerb e animação de cinema mudo, sob a batuta de Dalton Rodrigues de Lima, em Lajeado, conhecido em todo o Vale do Taquari, nas décadas de 1920 e 1930.
Batuvira - Colônia em Progresso, no primitivo território de Lajeado, onde Leonardo Kortz, de Estrela, estava vendendo 25 lotes coloniais de 25 ha cada um, conforme o semanário O Regional de 28-7-1912, adquiridos por famílias de etnia italiana. Beco - Tipo de logradouro que identifica uma artéria estreita e curta, geralmente fechada num extremo. Não há logradouro público no mapa da cidade com essa denominação específica e oficial. Há diversas vias de comunicação que, na verdade, são becos, "rua sem saída", na linguagem popular. Em Porto Alegre há becos de várias quadras de extensão. Em si, o termo não tem sentido pejorativo, mas sempre há os que dão essa conotação.
Beco do Martelo - Primitiva ruela em Lajeado, nas proximidades da rua que conduz ao Clube Tiro e Caça. Era um pedaço do mau caminho, pois conduzia a algumas malocas, restos de descendência afro-brasileira no Morro da Hidráulica.
Beco do Muca - No dialeto alemão Mücke significa mosquito, pernilongo. Foi apelido da atual Rua Major Aínélio.
Beco do Sapo - Apelido pejorativo dado à Vila São José, também Cantão do Sapo. Primitivamente, a área era um banhado, cujo coaxo ecoava no centro da cidade.



José Alfredo Schierholt                                                                                     Orestes Josué Mallmann
schierholt@gmail.com                                                                orestesmallmann_gremio@hotmail.com


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